Vereadora de Florianópolis é acusada de plágio por colega e sofre pedido de afastamento

A vereadora Maryanne Mattos (PL) protocolou, na segunda-feira (20), um pedido de afastamento contra a colega de parlamento, Cíntia Mendonça (Psol), do coletivo Mandata Bem Viver, sob acusação de plágio.

O caso teria acontecido em 8 de agosto, durante a reunião que antecedeu o julgamento do vereador Marquinhos Silva (PSC), acusado de importunar sexualmente a vereadora Carla Ayres (PT).

Em 1º de agosto, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar — formado pelos vereadores Cintia Mendonça (PSOL), Gabriel Meurer (Podemos), João Cobalchini (União Brasil), Maryanne Mattos (PL) e o Diácono Ricardo (PSD) — apresentou a leitura do parecer de Maryanne, relatora do suposto caso de importunação.

A vereadora do PL fez a leitura do parecer na data combinada, mas Cíntia não compareceu e justificou a ausência por questões médicas. Mesmo sem ter comparecido, Cíntia pediu vistas, ou seja mais prazo para analisar o documento apresentado e redigir outro. A leitura do parecer dela ficou para o dia 8.

Foi durante a leitura de seu parecer que, no meio da reunião, Cíntia foi interrompida por Maryanne sob acusação de plágio. A relatora afirmou que Cíntia teria copiado trechos.

“A senhora está lendo cada vírgula do parecer que eu fiz, do estudo que eu fiz, das falas do vereador Marquinhos, das falas da vereadora Carla, nós ouvimos toda a fala, toda a transcrição. A senhora pegou exatamente o que está no meu parecer que eu apresentei, isso é plágio”, declarou. Cíntia nega as acusações (veja mais abaixo).

Assista momento em que a interrupção acontece

Sessão teve acusações e saída barrada

Conforme Maryanne, o parecer final da comissão tinha 14 páginas e era dividido em oito partes:

1. Relatório;
2. Qualificação completa da denunciante;
3. Qualificação completa do denunciado;
4. Resumo da denúncia;
5. Resumo da defesa;
6. Instrução;
7. Fundamentação;
8. Proposta de medida disciplinar (advertência escrita e pública).

Cíntia teria lido o texto até a instrução, quando foi interrompida por Maryanne, que pediu para ver o documento que a vereadora do PSOL lia.

O pedido, no entanto, foi negado. Cíntia afirmou que após a reunião iria protocolar o documento que tinha em mãos. O ND+ apurou que até a data em que a denúncia de Maryanne foi protocolada, a vereadora do PSOL ainda não havia submetido o seu relatório.

A reunião continuou sem a fala de Cíntia, que em determinado momento, quis sair do plenário. No entanto, a saída teria sido barrada por Maryanne.

“A vereadora Cintia se levantou e pediu licença para se retirar diante do término da reunião, mas a vereadora Maryanne se colocou na frente da porta impedindo o direito da vereadora Cintia e seu assessor de saírem”, relatou Cíntia, em nota.

Vereadora do PSOL afirma que foi coagida e nega plágio

Cíntia Mendonça negou que tenha plagiado o parecer de Maryanne Mattos. Ela diz que apenas seguiu a “técnica legislativa”.

“Ela me acusa de perturbar a ordem da reunião do Conselho de Ética e de plágio. Mas não se comprova plágio o fato de seguir a técnica legislativa e quem perturbou a ordem foi ela”, afirmou.

Em nota, Mendonça afirma que foi coagida e reafirmou que não plagiou a colega.

“Plágio segundo o Regimento Interno da Câmara se configura quando se protocola um projeto de lei de outro vereador na íntegra sem consentimento. No caso em questão, havia uma sequência de técnica legislativa a se seguir que segue o mesmo formato e havia uma referência sobre a parte escrita pela denunciante sobre as oitivas no ponto onde abriríamos as contradições. Reafirmando que a leitura não foi feita na íntegra devido a coerção e a violência política sobre a denunciada”.

Vereadora do PL pede afastamento e suspensão de Cíntia Mendonça

Maryanne Mattos pediu o afastamento preventivo de Mendonça até a denúncia ir a plenário. O documento ainda solicita a suspensão do mandato por 90 dias sem direito a remuneração, caso a acusação seja aceita pelos pares.

Procurada, a Câmara informou que a denúncia vai para leitura e votação em plenário. Ainda não há data para isso acontecer.