Como a ciência agrícola contribui para uma agricultura mais moderna e sustentável

O conhecimento produzido em cada canto desse estado permite que o agro siga se modernizando e transformando o planeta no lugar melhor – Foto: Divulgação

Você sabia que a ciência agrícola é um grande alicerce para que tenhamos uma agricultura mais moderna e sustentável? A sua ligação com o agro catarinense é grande e a pesquisa tem sido uma grande aliada na conservação ambiental e no uso eficiente de recursos.

Um exemplo é o avanço dos estudos em micropropagação de abacaxi, que tornam as plantações mais resistentes a doenças e mudanças climáticas. No Brasil, a produção da fruta está concentrada no Norte, no Nordeste e no Sudeste. Cada região produz em torno de 30% do abacaxi nacional, e tem um motivo para que Santa Catarina não se destaque no plantio.

Um dos desafios enfrentados para o aumento da produção é quase imperceptível aos olhos do consumidor, é um fungo chamado fusariose, que causa uma perda significativa na planta e os prejuízos anuais comprometem de 20 a 30% da produção, impactando no preço e na qualidade do produto.

Pesquisadores do laboratório de fisiologia do desenvolvimento e genética vegetal da UFSC, em Florianópolis, tentam encontrar maneiras para combater esse inimigo das plantações de abacaxi e introduzir cada vez mais a cultura no Estado.

Danielle da Silva, doutoranda em recursos genéticos, conta que um fungo descoberto em Santa Catarina é capaz de promover o crescimento de diversas culturas. Ele foi testado em diversas plantas e, agora, está sendo testado no abacaxi.

Ao produzirem ciência agrícola, os pesquisadores contribuem para posicionar o Estado e o país entre as potências mundiais na produção de alimentos. E é na cooperação que o agro se torna mais forte para enfrentar as adversidades que impactam o planeta, justamente com a seleção de algumas plantas de abacaxi que podem ser a solução para uma doença.

Cooperação entre países

Foto: Divulgação

Pesquisadores do Brasil e da Alemanha estão trabalhando em conjunto buscando desenvolver a aquicultura nos dois países, o experimento em andamento utiliza farinha de inseto e macroalgas na dieta de camarões para aumentar a imunidade e, consequentemente, a produção dessa iguaria.

O camarão é uma das commodities mais populares e valiosas no comércio de frutos do mar, no entanto devido à crescente demanda global enfrenta inúmeros desafios, é aí que mais uma vez a pesquisa entra em ação. Às margens da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, o Laboratório de Camarões Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu um modelo sustentável para a produção de camarões brancos, com cultivo em sistema de bioflocos, que usa com cultivo em sistema de bioflocos que usa micro-organismos para controlar a qualidade da água e, ao mesmo, tempo alimentar os animais cultivados.

O engenheiro agrônomo Felipe Vieira, doutor em agricultura, explica que enquanto no sistema tradicional de cultivo de camarão são necessários 100 mil litros de água para produzir 1 kg de camarão, o sistema de bioflocos consegue fazer o mesmo com apenas 15 litros de água, devido a baixa renovação da água, motores são usados para garantir a oxigenação.

Além de sustentável, o modelo resulta em camarões frescos e de grande qualidade; esse sistema de cultivo virou referência mundial e há alguns anos o laboratório firmou uma parceria com a Alemanha para promover um intercâmbio de pesquisadores e desenvolver a aquicultura nos dois países.

A sustentabilidade do cultivo de Camarões, ela passa pelo mercado. O mercado europeu, através da Alemanha e os demais países trabalham com as exigências para atendimento dos ODS, objetivos do desenvolvimento sustentável, e a UFSC, no campo do saber, aglutina essa rede em torno de projetos que buscam sustentabilidade e inovação no sistema de cultivo de camarão.

A cultura é uma das atividades que mais se expande no mundo, os inúmeros estudos em andamento podem abrir caminho para suprir a demanda global de alimentos sem comprometer os recursos naturais e ainda gerar renda e emprego.

Cultivo de macroalga em ascensão

O cultivo de macroalga vem ganhando espaço entre os maricultores catarinenses. Novos estudos buscam compreender se uma espécie pode ter substâncias ainda desconhecidas e com novos potenciais de valor agregado, além dos já conhecidos para a indústria farmacêutica e de biofertilizantes.

A macroalga kappaphycus alvarezii vem sendo muito utilizada para a fabricação de alimentos cosméticos e extrato para biofertilizante. Embora recente, a atividade ainda tem muito a crescer novos estudos buscam identificar a composição química da macroalga nas quatro estações do ano. Pesquisadores acreditam que essa composição varia de acordo com as adversidades climáticas, assim a macroalga poderia conter substâncias ainda desconhecidas e que poderiam trazer vantagem competitiva para o produto catarinense. As análises estão sendo feitas por jovens do curso técnico de química do Instituto Federal de Santa Catarina.

Descobrir seus potenciais subprodutos instiga a equipe, já que as descobertas podem beneficiar a atividade no litoral catarinense. Os jovens que se aventuram na produção de ciência são agentes de mudança notável em nosso mundo atual suas paixões e habilidades têm um impacto profundo e duradouro em nossa sociedade e também na segurança alimentar global, reforçando que o agro e a ciência caminham lado a lado – seja por estudos de melhoramento genético ou de análises laboratoriais que apoiam a defesa agropecuária, isso ocorre em todo o ciclo de produção.

O conhecimento produzido em cada canto desse estado permite que o agro siga se modernizando e transformando o planeta no lugar melhor.

Para saber mais sobre a conexão entre a ciência e o agro catarinense, assista na íntegra ao episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação, um projeto do Grupo ND, em parceria com a Ocesc, Aurora, Sicoob, SindArroz Santa Catarina e Fiedler Automação Industrial.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.