Como virar um atleta em Balneário Camboriú? Medalhista no Pan 2023 revela segredos do sucesso

Não é fácil se tornar um atleta no Brasil, ainda mais se você estiver longe dos grandes centros. Balneário Camboriú, em alta recente na mídia pela valorização imobiliária, não é um desses ‘polos’, mas é possível ter sucesso começando na cidade. Anny de Bassi, bronze no Pan-Americano de 2023, mostrou isso.

Seleção brasileira feminina que conquistou bronze no revezamento 4x400 no Pan-Americano 2023

Anny de Bassi, à esquerda, representante de Balneário Camboriú no Pan-Americano de 2023. – Foto: Divulgação/Prefeitura de Balneário Camboriú

Integrante da seleção brasileiro no revezamento 4×400, ela subiu ao pódio junto às colegas Jainy Suelen, Letícia Nonato e Tiffani Domingos. No entanto, percorreu um longo caminho, de dedicação e, principalmente, investimentos, o maior obstáculo de um atleta, em qualquer município.

Anny começou a competir no Jebc (Jogos escolares de Balneário Camboriú) quando ainda era uma estudante. Com um talento notável desde cedo, os professores de seu colégio identificaram suas habilidades e a encaminharam para o atletismo, onde ela começou em uma escolinha.

Santa Catarina tem diversas competições conhecidas nesse aspecto, sejam elas escolares, universitários ou competições maiores, como o Jasc (Jogos Abertos de Santa Catarina). O atleta pode chegar a esses torneios com a projeção estadual.

Anny de Bassi e Douglas Mendes, representantes de Balneário Camboriú no Pan-Americano 2023, lado a lado

Anny e Douglas foram os dois atletas de Balneário Camboriú convocados para o Pan-Americano de 2023, e ambos ganharam medalhas – Foto: PMBC/Divulgação/ND

Caminho do atleta começa com associação a um clube

Para ambicionar uma profissionalização e passar a ter o esporte como o ponto principal de sua vida, Anny aconselha os mais jovens a investir, primeiramente, no cenário local.  “O primeiro passo, realmente, é você entrar em um clube, que seja de sua cidade”, diz a velocista.

“[E então], começar a treinar para estar participando de eventos maiores e conhecendo mais pessoas, mais clubes, mais oportunidades. Assim, você vai conseguir identificar qual é o melhor local para você, complementa a atleta.

Ter inspirações, ídolos a se espelhar, também ajudam muito e tornam o sonho real, e isso é uma coisa que, para Anny, faltou na infância. “Para mostrar que é possível alcançar, chegar e conquistar os seus sonhos”, pontua. “Quando eu comecei no esporte por aqui, eu ainda não tinha referências assim”.

Seleção masculina que conquistou o ouro no revezamento 4x400 no Pan-Americano 2023

Douglas Mendes, à esquerda, conterrâneo de Anny de Bassi, levou o ouro no revezamento 4×400 masculino. – Foto: Divulgação/COB

Ela acredita que os resultados no Pan-Americano 2023,  que incluíram também o outro do colega de Balneário Camboriú, Douglas Mendes, no 4×400 masculino, mudaram esse cenário para as novas gerações. “Para os mais novos, ter a gente próximo assim é uma maneira de inspirá-los mais cedo”, diz.

Gastar do próprio bolso com viagens e competições é uma realidade

No entanto, não basta apenas ter a vontade de competir e se inscrever nos principais torneios. É preciso ser visto, convocado, ganhar projeção dentro do esporte, e, para isso, precisa de um bom investimento financeiro.

É possível conseguir tanto incentivos estaduais quanto federais. O Litoral Norte de Santa Catarina, por exemplo, tem seus programas próprios. “Em Balneário Camboriú, existe bolsa atleta, mas o valor não é muito alto”, lembra Anny, que aconselha ao jovem atleta ‘acumular’ bolsas.

Disputa de handebol no Jasc (Jogos Abertos de Santa Catarina)

Jasc (Jogos Abertos de Santa Catarina) projetam talentos a cada ano no Estado para competições maiores – Foto: Diogo de Souza/ND

“Existem outros incentivos, como o do governo. Quando você consegue juntar alguns desses, recebe um salário um pouco melhor”, diz Anny. E o bom resultado em pista, no caso do atletismo, é quase ‘obrigatório’. “O pódio é o que garante a bolsa normalmente”.

“Às vezes você é a quarta do Brasil, então, está entre as melhores, na verdade, mas isso não te garante um salário nacional”, pontua a atleta. Em suma, subir ao pódio não só garante medalha, mas também a vida no esporte.

E não dá para fugir do investimento do próprio bolso. Mesmo com um Pan-Americano no horizonte, Anny teve que fazer seu próprio investimento. “Esse ano a gente competiu fora, e arcamos com algumas despesas, mas também recebemos apoios”, relembra, citando patrocinadores.

Vista panorâmica da Praia Central de Balneário Camboriú

Balneário Camboriú, agora com atletas de sucesso, pode virar um grande centro no futuro – Foto: Reprodução/NDTV

“No início desse ano, eu trabalhei para guardar um dinheiro a mais, porque sabia que queria fazer essas viagens e passar um tempo fora, mas eu queria investir na minha carreira”, relembra. “Alcançar o Pan-Americano e o Mundial”.

O objetivo foi alcançado, e recompensado com o bronze. No entanto, Anny sabe que o caminho é árduo, e que não tem como fugir, em qualquer local do Brasil, precisa de investimento. Se você quer começar seu caminho em Balneário Camboriú, siga as dicas da medalhista.

 

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