FOTOS: Nível do rio diminui e ‘mar de lama’ toma conta das ruas de Laurentino e Rio do Oeste

Foi apenas nesta terça-feira (21) que Laurentino e Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí, tiveram a maior parte de suas áreas urbanas livres da cheia do rio Itajaí do Oeste, que voltou à sua calha. No dia de sol, muitos moradores aproveitaram para fazer a limpeza dos seus imóveis atingidos.

Em Laurentino, imagens de câmeras de segurança divulgadas pelas redes sociais da prefeitura mostram a grande quantidade de lama e lodo que inclusive até já estava seco nas principais vias centrais da pequena cidade.

Nesta terça-feira (21), segundo a prefeitura, foi grande o trabalho de limpeza, remoção de barreiras e árvores, para o reestabelecimento do tráfego. O trabalho continua nesta quarta-feira (22).

A cidade teve durante o episódio mais de mil pessoas desalojadas e cerca de 214 desabrigados. Estruturas de acolhimento foram montadas no Salão Íl Guarany e no Ginásio Municipal de Esportes. Boa parte das famílias desabrigadas permanece nestes locais, já que há risco para mais chuva nos próximos dias.

Por volta das 08h30 da manhã desta quarta (22), o nível do rio Itajaí do Oeste em Laurentino estava na marca de 6,91 metros. Durante o pico da cheia, no último sábado (18), o rio chegou a 13,39 metros de altura na cidade às 08h da manhã.

Segundo nota meteorológica emitida pela Defesa Civil do Estado, ainda há risco de novos temporais para a região do Alto Vale. A limpeza das residências, comércio e prestadores de serviço podem ser feitas, mas a recomendação não é voltar em definitivo.

Em Laurentino, as aulas na Escola de Educação Básica Tereza Cristina, Escola Municipal Honorata Stéddille acontecem de forma remota. Os centros de educação infantil estão em regime de plantão, exceto o CEI Infância Feliz.

Na área da saúde, os atendimentos do Posto de Saúde do Centro de Laurentino continuam sendo feitos em um novo espaço, no Prédio da Secretaria da Educação, ao lado do Ginásio Municipal. A distribuição de medicamentos pela Farmácia Municipal é feita no mesmo local, com atendimento das 07h às 11h e das 13h às 17h.

Situação em Rio do Oeste é mais grave

Em contato telefônico com o ND+ na manhã desta quarta-feira (22), o chefe da Defesa Civil de Rio do Oeste, Josnei Moser, revelou que o município estima um prejuízo de quase metade do seu PIB (Produto Interno Bruto) devido às enchentes seguidas que o município passou desde o início de outubro, principalmente por conta dos estragos na lavoura.

Ao passo em que a cidade se recuperava das enchentes de outubro, novas cheias vieram e comprometeram o cronograma de recuperação do município anteriormente planejado.

Há muitas comunidades do interior ainda ilhadas e quedas de barreira em estradas vicinais que não foram removidas desde o mês passado, conforme Josnei Moser. Helicópteros do Exército e da Força-Tarefa do Corpo de Bombeiros Militar estão dando apoio ao município para levar mantimentos e doações às regiões mais castigadas.

O abastecimento de energia elétrica e de água potável é bastante instável na cidade e o município ficou sem o fornecimento de ambos os serviços por mais de um dia por causa da enchente.

“Às vezes as forças que temos para enfrentar situações como esta vão se esgotando. Estamos desde outubro nessa situação e ainda fazemos o apelo para que os moradores que vivem em áreas de inundação continuem fora de casa, pois há risco de chover de 100 a 150 milímetros nos próximos dias”, disse Josnei Moser ao ND+.

Nesta quarta-feira (22), o Grac (Grupo de Ações Coordenadas) de Rio do Oeste realiza uma nova reunião para alinhar a retomada das atividades após a nova cheia e acompanhar o que está por vir pelos próximos dois dias. Nesta manhã, pelo menos, não chovia no município e a semana começou com tempo seco na cidade.

Conforme leitura das 07h desta quarta (22), o nível do rio Itajaí do Oeste estava em 6,84 metros em Rio do Oeste e ainda havia 350 pessoas em dois abrigos montados pela prefeitura, na comunidade Gabiroba e no Salão da Paróquia Nossa Senhora Consolata, no Centro.

A barragem Oeste de Taió, que fica acima do município, parou de verter na madrugada desta quarta-feira (22) e está com 93,74% de sua ocupação. Todas as comportas estão abertas, mas o canal extravasor segue fechado.

Os donativos e mantimentos que chegam a Rio do Oeste são oriundos da secretaria de Estado de Assistência Social. As aulas na rede municipal de ensino ocorrem também de forma remota, a exemplo de Laurentino.