Confusão envolvendo babá que subiu em pé de goiaba acaba em prisão por racismo em Florianópolis

Uma moradora do bairro Córrego Grande, em Florianópolis, foi presa em flagrante por crime de racismo pela Polícia Militar nesta quinta-feira (22). Ela foi denunciada por um grupo de quatro babás que citam injúrias racistas – dentre elas “nega fedida” – que teriam sido proferidas pela mulher no dia anterior.

Diante da Polícia Militar, que foi acionada ao local, a suspeita teria negado as acusações dizendo que chamou uma das babás de “negona” – o que justificou a detenção em flagrante, segundo a Polícia Civil. Nesta quinta-feira (22), a investigada está presa na penitenciária de Florianópolis.

*A reportagem conta com informações da repórter Suzan Rodrigues e da produção do Cidade Alerta, da NDTV.

Ela foi presa em flagrante por crime de racismo

Investigada está presa na penitenciária de Florianópolis – Foto: NDTV/Divulgação/ND

Tudo começou na quarta-feira (21). O grupo de babás – Aliane Simão de Sá, Ivanir Godoy da Rocha, Vanessa Correia Ferreira e Geli Satilo da Silva – cuidava das crianças na Praça da Berman, também conhecida como Praça da Comunidade, localizada no Córrego Grande.

Aliane afirma que decidiu subir em um pé de goiaba da praça para pegar frutas para as crianças. Em certo momento, a suspeita se aproximou do grupo, acompanhada de um cachorro. Após jogar o cocô do cão no lixo, teria proferido as injúrias.

De acordo com as babás, a mulher teria dito “‘achei que era uma criança [em cima do pé de goiaba], mas é uma nega fedida. Morta de fome’”. Ela ainda teria chamado Aliane de ‘macaca’.

As cuidadoras afirmam que ficaram paralisadas, sem compreender o que ocorria. “Não tinha entendido. Depois vimos que ela se referia à [situação do pé de] goiaba”, lembra Geli.

“Perguntei se ela sabia que [racismo] é crime. Ela disse ‘então me processa’”, complementa Aliane.

Babás descobriram endereço da investigada

Entre quarta e quinta-feira, as babás se empenharam em descobrir o endereço da mulher para formalizar a denúncia. Recorreram também a grupos de Whatsapp do bairro. Com as informações em mãos, foram até o local nesta quinta-feira (22) e acionaram a Polícia Militar.

Quando chegaram lá, a mulher estava na rua com o cachorro. Um vídeo realizado no momento mostra a mulher negando que as xingou e citando que foi chamada de “vagabunda” pelas cuidadoras. As imagens mostram que ela tenta atacar uma babá com o braço.

De acordo com a Alessandra Colpani Rabello, coordenadora da CPP (Central de Plantão Policial), a investigada confessou que injuriou Aliane ao afirmar que a chamou de ‘negona’ em frente aos policiais, o que justificou a prisão em flagrante.

A reportagem não localizou a defesa da investigada até o fechamento da reportagem. Ela deve passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (23).

Crime de racismo

A lei 14532/2023, que define o crime de racismo, prevê pena de 2 a 5 anos e multa. O crime é inafiançável.

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