‘Perigo’: veja o que faz região de SC ter o pior índice de vacinação de crianças contra Covid

A não vacinação infantil na Grande Florianópolis, em Santa Catarina, mostra que a região têm a pior confiança nos imunizantes contra a Covid-19 de todo o Brasil. A afirmação foi feita a partir de uma pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) à pedido da farmacêutica Pfizer. Os dados foram apresentados em um encontro voltado à imprensa nesta quinta-feira (7) em São Paulo.

Vacinação infantil contra Covid-19 em Santa Catarina

Vacinação infantil em Santa Catarina tem o pior índice do Brasil  – Foto: João Pedro Bressan/Prefeitura de Caxias do Sul/Reprodução/ND

O portal ND+ acompanhou a entrevista presencialmente e descobriu alguns motivos para que os dados sejam tão negativos no Estado. Entre os palestrantes estavam dois grandes nomes da medicina brasileira: Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa, médico infectologista e Professor da UNESP e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e a médica Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer.

Ao todo no Brasil foram entrevistadas 1.840 pessoas, e foram escolhidas macrorregiões para que fossem feitas as estimativas.

Em Santa Catarina, a Grande Florianópolis, foi a escolhida para as entrevistas demonstrarem a representação do território catarinense.

Os dados mostram que das 144 pessoas entrevistadas na região, apenas 35% (50 pessoas) acreditavam que a vacinação infantil era realmente importante. O número se reflete, segundo os profissionais, nos hospitais cheios de crianças com vírus sazonais respiratórios como os casos já registrados no Estado anteriormente.

Para Ribeiro, o grande motivo para os dados significativos de Santa Catarina são as notícias falsas, e relembra: é preciso educação para que tudo isso mude.

Vacinação Infantil em Santa Catarina é a pior do Brasil

Médica ressalta que é preciso apostar em educação para disseminar a vacinação infantil contra a Covid-19 – Foto: Andre Simoes/Pfizer/ND

“O que precisamos para resolver esse problema é a educação da população. Precisamos conseguir atingir a população com uma linguagem que eles entendem”, explica.

Além de Santa Catarina, participaram da pesquisa os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará.

Menor adesão à vacinação infantil contra Covid-19

Outro ponto apontado pela médica para a baixa adesão a vacinação infantil contra Covid-19 em Santa Catarina é a falta de flexibilidade dos postos de saúde em Santa Catarina.

“Muitos pais/mães relatam que não conseguem levar os filhos para vacinar por conta do horário do fechamento dos postos de saúde, sendo assim, acabam sendo engolidos pela rotina e não levam os filhos para vacinar”, elenca.

Como solução para o problema, a médica apontou uma iniciativa que acontece no Distrito Federal, onde as crianças aprendem na escola a importância da vacinação e assim, chegam em casa, conversam com os pais e conseguem transmitir a importância da imunização.

Já para o infectologista Naime Barbosa, é preciso que o SUS (Sistema Único de Saúde) sempre trabalhe de forma integrada.

Vacinação infantil na Grande Florianópolis continua preocupando

Infectologista fala da importância do SUS trabalhar de forma integrada na vacinação – Foto: Andre Simoes/Pfizer/ND

“Municípios onde a vacinação não são incentivadas pelos prefeitos têm a maior mortalidade. Não adianta nada o Ministério da Saúde oferecer as vacinas se a nível estadual ou municipal a importância da imunização não é passada da mesma forma”, explica.

O que diz o Estado

Em nota, a SES/SC (Secretaria do Estado da Saúde de Santa Catarina) disse que:

A SES desenvolve ações para estimular a vacinação ao longo de todo ano. Além da divulgação de informações corretas sobre vacinas e sobre risco da não vacinação, estado e municípios têm se empenhado em diferentes estratégias que vão desde a realização de campanhas de vacinação, de ações de busca ativa da população não vacinada por meio das equipes de atenção primária à saúde, de atividades de vacinação em escolas, terminais de ônibus, praças, centros comerciais, assim como pela quebra de barreiras para a vacinação, como a não obrigatoriedade de apresentação de comprovante de residência para vacinação.

Medo em relação à covid -19 persiste

Em todo o Brasil, ainda que a população investigada pelo Ipec não tenha completado o esquema vacinal recomendado durante a pandemia, o medo da covid-19 permanece: esse sentimento permeia quase metade da amostra (48%).

Nesse contexto, o principal temor é em relação ao surgimento de novas variantes e à retomada de medidas restritivas (24%), o que se acentua ligeiramente entre as mulheres (28%) e nos jovens de 18 a 24 anos (também 28%),mas perde força entre os mais velhos, com idade entre 45 e 59 anos (19%).

Entre os entrevistados que participaram da pesquisa do Ipec, contudo, 20% acreditam que o “pior já passou”, mas também estão convictos de que as vacinas “podem nos proteger caso tenhamos uma nova onda covid-19”. Apenas 15% das pessoas ouvidas afirmam categoricamente que a “pandemia já terminou e que elas não têm medo de pegar covid-19”.

Informação e covid-19

Na pesquisa realizada pelo Ipec, os meios de comunicação jornalísticos mais tradicionais (TV, rádio, jornal, revistas) se destacam como a principal fonte de informação sobre o tema, mencionados por 43% dos entrevistados.

Postos de saúde aparecem em segundo lugar (30%),enquanto as redes sociais são referidas por 26%, seguidas pelos portais de notícias, com 25%. Considerando o total de entrevistados, 67% classificam as informações disponíveis sobre a vacina contra a covid-19 nos diversos meios de comunicação como “fáceis” ou “muito fáceis de entender”.

Contudo, duas em cada três pessoas que não completaram sua proteção contra a doença acreditam em pelo menos uma das fake news mais comuns sobre o tema – e 70% desse grupo afirma que sua decisão de continuar ou não a se imunizar contra a covid-19 foi influenciada em algum grau por essas informações.

Entre as afirmações falsas que causam mais confusão nos entrevistados pelo Ipec está a ideia de que as vacinas contra a Covid-19 seriam experimentais (34%), a percepção de que esses imunizantes provocariam casos graves de miocardite, trombose, fibromialgia e Alzheimer (16%), bem como a suposição de que o surgimento de novas variantes da covid-19 comprovaria a ineficácia das vacinas (13%) ou o mito de que esses imunizantes seriam mais perigosos do que o próprio vírus (13%).

 

 

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