Eleições nas escolas de SC: baixa participação desafia escolha democrática de diretores

As eleições para os PGEs (Planos de Gestão Escolar), e consequentemente, para os diretores, foram concluídas nesta segunda-feira (4). O resultado dos planos eleitos nas 891 escolas está previsto para o dia 11 de dezembro, com divulgação no site da SED (Secretaria de Estado da Educação). A equipe de reportagem esteve em três escolas de Florianópolis para acompanhar a votação, e nenhuma atingiu o quórum mínimo.

Este ano, a votação adotou um formato inédito, exigindo um quórum mínimo de 50% de participação de cada segmento eleitoral: pais de alunos, professores e estudantes. As escolas que não alcançarem este percentual terão seus diretores designados pela Coordenadoria Regional de Educação.

Foto mostra mesa eleitoral com dois mesários e dois estudantes pegando as cédulas de votação na escola EEB Padre Anchieta

Eleições na escola EEB Padre Anchieta nesta segunda-feira (4) – Foto: Daiane Nora/ND

Escolas encaram desafios nas eleições

A EEB Padre Anchieta teve a segunda-feira mais movimentada que o domingo, mas não conseguiu atingir o quórum mínimo. Segundo a presidente da Comissão Eleitoral, Marcelea Tereza da Silva, a escola divulgou as eleições em grupos de WhatsApp e mandou lembretes para as turmas, mas não viu um grande resultado. “Os pais não têm o hábito de vir. No dia da família vieram poucos. Não é só aqui, é sempre a mesma coisa. Teve escola que se organizou, que fez bingo, mas também não conseguiu todos os votos”.

Diogo Sales de Oliveira, 18 anos, membro do grêmio estudantil da mesma escola, esforçou-se para mobilizar estudantes e famílias. “Incentivamos os alunos a conversarem com suas famílias. Alguns não puderam votar por esquecerem seus documentos. A escola tentou contornar isso disponibilizando impressões das carteirinhas de estudante”, explicou.

Foto mostra mesa eleitoral com dois mesários e uma mãe pegando as cédulas de votação na escola EEB Jurema Cavallazzi

Eleições na EEB Jurema Cavallazzi nesta segunda-feira (4) – Foto: Daiane Nora/ND

Na EEB Jurema Cavallazzi, a participação também foi insuficiente para atingir o quórum. Gisele Abraão de Borba, mesária e professora, contou que apresentaram o plano de gestão em uma reunião de pais e inclusive levaram bolo, pipoca e suco para receber as famílias no domingo, mas poucos foram votar. “Foi frustrante, passamos o domingo inteiro aqui e somente dois pais vieram. A gente teve que comer todo o bolo sozinhos”.

Ela admitiu que não conseguiram fazer uma grande mobilização: “O processo foi meio atropelado. É final de ano, estamos fechando as notas, muitas famílias têm compromissos. Foi uma época ruim, se pudessem fazer em outro mês, de repente em outubro, já seria mais tranquilo”, desabafou.

Por outro lado, Simone da Silva, 51 anos, mãe de um aluno, compareceu para votar, motivada pelo filho: “Luan me disse pra passar aqui votar, foi ele que me incentivou a vir. As professoras também avisaram. Eu preferia que continuasse a diretora, ela tem uma gestão boa, conhece os pais”, contou.

Eduardo de Souza, 47 anos, presidente da mesa de votação, destacou a dificuldade de envolver pais de comunidades carentes e professores. “Muitos pais são de comunidade carente. Muitos só mandam o filho pela alimentação que nosso colégio oferece. E outros por conta do trabalho não conseguem vir”, relatou.

Além disso, ele relatou a dificuldade de mobilizar os professores:  “a gente veio como voluntário no domingo, perdemos um dia de folga. Pouca gente quer trabalhar de graça. Não é qualquer um que se dispõe. Não tem nem um vale refeição”, contou

Foto mostra Walquiria Machado, eleitora na EEB Getúlio Vargas, inserindo cédula de votação na urna de papelão

Walquiria Machado, 49 anos, eleitora na EEB Getúlio Vargas – Foto: Daiane Nora/ND

A EEB Getúlio Vargas teve uma participação expressiva, mas não foi suficiente para atingir o mínimo de quórum. Antes de ser divulgado o resultado da participação, o mesário Diogo Ricardo Roesner, 35 anos, disse que se surpreendeu: “Tivemos mais eleitores do que imaginamos”. Ele conta que utilizaram todas as mídias sociais da escola, entregaram bilhetes aos pais e passaram em cada sala divulgando as eleições.

Diogo reforça a importância da participação da família na educação dos filhos: “A escola não é composta só pelos professores e alunos, é de toda a comunidade, acho que criando mais projetos, eles vão se sentir parte disso e isso pode contribuir para eles criarem justamente essa cultura de participação dentro da escola”.

Walquiria Machado, 49 anos, uma eleitora na EEB Getúlio Vargas, enfatizou a importância do voto consciente. “Assim como votamos para presidente e prefeito, devemos votar com consciência para a direção do colégio”, concluiu.

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