Sal-gema é potencial econômico? Entenda por que extração causou colapso em Maceió

A extração do sal-gema levou a um cenário de caos em Maceió, em Alagoas, depois que um monitoramento apontou o risco de colapso em uma das minas da empresa petroquímica Braskem que explora o mineral. Na última quarta-feira (29) a Capital decretou situação de emergência.

Extração de sal provocou instabilidade em solo de capital alagoana – Foto: Freepik/UFAL/Reprodução/ND

Segundo o governo de Alagoas, só no mês de novembro, cinco abalos sísmicos foram registrados na região. O desabamento da mina de sal-gema pode ocasionar a formação de grandes crateras, além de provocar um “efeito cascata” em outras minas.

Em 2018, houve registro de que pelo menos cinco bairros alagoanos sofreram afundamentos e cerca de 60 mil pessoas que moravam nos locais precisaram deixar as residências.

Cidade de Maceió após remores como consequência da extração de sal-gema - Na foto é possível ver residências destruídas e fios de um poste caídos no chão

Tremores de terra assustam moradores de Maceió – Foto: Reprodução/UFAL/ND

O que é, e para que serve o sal-gema?

O sal-gema é extraído de jazidas subterrâneas que se formam ao longo de milhares de anos, a medida em que alguns pontos do oceano evaporam gradativamente.

O composto é utilizado, em geral, como base para a indústria química, na produção de outras substâncias como os produtos de limpeza e higiene:

  • Creme dental
  • Detergente
  • Sabão
  • Ácido clorídrico
  • Soda cáustica
  • Bicarbonato de sódio

Exploração da Braskem

Em 1976, a atividade mineradora teve início em Maceió pela Salgema Indústrias Químicas. Posteriormente, a empresa passou por um processo de estatização e, mais tarde, foi privatizada novamente.

Em 1996, com o nome Trikem, ela uniu-se a outras empresas menores, gerando a criação da Braskem em 2002. Atualmente, a Braskem é majoritariamente controlada pelo Grupo Novonor, antes conhecido como Grupo Odebrecht.

Para fazer a extração do sal-gema é necessário escavar poços profundos, que podem atingir até mais de mil metros solo adentro. Em seguida, o sal é dissolvido em água para facilitar a sucção.

Com a retirada, formam-se poços que precisam ser preenchidos com outra solução líquida, que vai garantir a manutenção de um solo estável.

A situação de Maceió é reflexo de anos de exploração do solo, que causou a instabilidade e o afundamento na região. Em 2019, tremores de terra e rachaduras em residências na região levaram a Braskem a encerrar as atividades nas minas.

Imagem aérea do estado de Alagoas

Minas em alagoas podem entrar em “efeito cascata”, afirma Defesa Civil – Foto: Vasni Soares/TV Pajuçara/Reprodução

Em nota atualizada às 12h desta segunda-feira (4), a Braskem publicou que “as áreas de serviço” da empresa “em torno da mina 18 continuam isoladas” e que segue acompanhando o monitoramento junto às autoridades. Leia o texto na íntegra:

“A velocidade de acomodação do solo no entorno da mina 18 vem diminuindo nos últimos dias, de acordo com informações divulgadas em notas da Defesa Civil e do Ministério das Minas e Energia. A Defesa Civil também informou que não houve mais registro de microssismos. 

No entanto, todas as medidas de prevenção e segurança das pessoas devem ser respeitadas. As áreas de serviço da Braskem em torno da mina 18 continuam isoladas, e o monitoramento feito 24 horas por dia segue sendo compartilhado com as autoridades”, afirma a empresa.

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