‘Não tem base’, catarinense criador da urna eletrônica responde Maduro

Durante um comício nesta semana, o candidato à reeleição venezuelana Nicolás Maduro criticou o sistema eleitoral brasileiro e afirmou, sem provas, que os resultados das urnas eletrônicas do Brasil não são auditados.

Em busca de um contraponto, o portal ND Mais conversou com o criador do sistema eletrônico eleitoral brasileiro, Carlos Prudêncio. Por telefone, o brusquense explicou como funciona todas as etapas durante as eleições para que sejam seguras.

Criador da urna eleitoral brasileira, Carlos Prudêncio

Carlos Prudêncio ao lado do computador usado nas primeiras eleições com urnas eletrônicas – Foto: Arquivo pessoal/ND

“Posso assegurar que temos um sistema eleitoral 100% auditável desde o início do processo”, diz.

Processo eleitoral passa por várias auditorias

Prudêncio explicou que, um ano antes de qualquer eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convoca partidos políticos e demais agentes para acompanhamento de todo o processo.

Os partidos, podem, inclusive, contratar equipes técnicas para analisarem os procedimentos que antecedem o pleito. “O sistema eleitoral do Brasil é muito confiável, porque os próprios fiscais são os partidos políticos, eles têm o direito de participar de todo o processo”, conta.

Os fiscais estão presentes desde a zerésima, impressão que mostra que as urnas eletrônicas estão zeradas antes do início da votação.

“Os representantes dos partidos assinam a ata de que viram esse documento, qualquer incidente que der eles são testemunhas. Às 17h, o presidente da urna emite o boletim, onde é possível conferir a quantidade de eleitores que compareceram e votaram. Nele, há uma relação digital dando os números que tanto partidos quanto candidatos obtiveram”, explica.

Urna eletrônica – Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

As auditorias, de acordo com Prudêncio, não param por aí. De acordo com ele, os fiscais partidários são os primeiros a receberem o boletim de urna, antes ainda do que o juiz da zona eleitoral. Com os dados em mãos, podem compará-los com os divulgados posteriormente pelo TSE.

“A Lei permite que os partidos acompanhem o presidente com o chip tirado da máquina, que é levado para a Justiça Eleitoral. No local de apuração, é passado o recibo que foi entregue. Os delegados dos partidos recebem o recibo e conferem voto por voto”, continua.

O juiz, então, encaminha a contagem de votos para o Tribunal Regional Eleitoral e para o TSE. Lá, são emitidos os boletins finais de todo o Brasil.

Criador da urna dá resposta a Maduro

Sobre a fala de Maduro, o criador da urna diz que, todos os anos, perto do início das campanhas, recebe questionamentos.

“Quando lemos (a notícia), a gente faz reflexão do porquê estarem atacando o sistema eleitoral brasileiro. Ele é mais do que auditado, temos que ter segurança do que diz a transparência do processo eleitoral. Até hoje nunca ninguém questionou o resultado com documento, o boletim de urna”, comenta.

O desembargador aposentado Carlos Prudêncio criou a primeira urna eletrônica. O feito coincidiu com o ano da nossa constituição: 1988. Em 15 de novembro de 1989, os brusquenses foram os primeiros brasileiros a votarem em urna eletrônica. – Foto: Reprodução Facebook/ND

Prudêncio, inclusive, diz que, caso tenha dúvidas, Maduro poderia mandar técnicos venezuelanos para conhecerem os sistemas de auditoria brasileiros.

“Em época de eleição sempre questionam as urnas, desta vez infelizmente foi o presidente de um país. Isso não tem base, só posso questionar se tiver documentos na mão. Ele pode mandar os técnicos dele assistirem ao processo e estudarem aqui no Brasil para depois questionar”, finaliza.

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