Rios transbordando, alagamentos e regates: em 1 semana SC volta a viver ‘apocalipse’ com chuva

A chuva volta a castigar Santa Catarina entre a tarde e madrugada desta terça-feira (28) e esta quarta-feira (29). Rios transbordaram, ruas ficaram alagadas, além de um resgate arriscado de uma pessoa ilhada pela força da água.

chuvas acumulam estragos pelo Estado

Chuvas acumularam estragos em todas as regiões do Estado – Foto: Leo Munhoz/ND

De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, na madrugada desta quarta-feira (29), há previsão de chuva intensa e volumosa em todo o estado. As regiões mais afetadas incluem a Grande Florianópolis, Baixo e Médio Vale do Itajaí, Litoral Sul e Planalto Sul, onde a precipitação deve se concentrar.

Segundo a pasta, a chuva é resultado da presença de um sistema de baixa pressão, combinado com o calor e umidade da Amazônia, além dos ventos leste/nordeste que transportam a umidade oceânica para o continente.

O risco é classificado como muito alto em áreas vermelhas, alto em áreas laranjas, moderado em áreas amarelas e baixo em áreas verdes, com possibilidade de ocorrências como alagamentos, enxurradas e deslizamentos. Os temporais também podem causar danos à rede elétrica, destelhamentos e quedas de galhos e árvores.

Defesa Civil fez aviso para chuva intensa em algumas regiões do Estado – Foto: Divulgação/Defesa Civil/ND

Os estragos da chuva

Florianópolis

O trânsito segue complicado, em Florianópolis, por conta da chuva intensa que atingiu a Capital catarinense e causou pontos de alagamentos. Na manhã desta quarta-feira (29), ainda há pontos de bloqueios nas vias, pois as ruas estão debaixo d’água. Por conta disso, os motoristas encontram filas e bastante lentidão no trânsito nesta manhã.

Chuvas em novembro superam média histórica

Florianópolis supera média histórica de chuva em novembro em um dia; imagens impressionam – Foto: Paulo Mueller/NDTV

Ao longo das últimas horas, ocorreram alagamentos generalizados em diversos bairros da Capital, mas boa parte já está normalizada. No entanto, há algumas ruas ainda obstruídas, como a SC-405, no Rio Tavares.

Durante esta quarta-feira, a Prefeitura fará um levantamento dos danos causados pelas chuvas e intensificará a ação com maquinários, como hidrojatos, caminhões e escavadeiras, circulando pelas ruas que, eventualmente, estejam com problemas de alagamento.

O acumulado de novembro já está em 448 mm, mais que o triplo da média histórica de 129 mm.

O nível do rio Itajaí-Açu chegou a 8,33 metros por volta da 00h10 desta quarta-feira (29) e já começou a baixar, em meio à sétima enchente de 2023 enfrentada por Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. No município, enchentes seguidas estão quase que entrando na rotina dos moradores.

Segundo balanço divulgado pela prefeitura de Rio do Sul nesta manhã, houve 83,2 milímetros de chuva na cidade nas últimas 24 horas, mas a quantidade de chuva que caiu em municípios acima da maior cidade do Alto Vale contribuiu para uma elevação considerável do rio, que chegou ao pico no começo da madrugada.

Por volta das 07h30 da manhã desta quarta (29), o nível do rio já estava em 7,97 metros e baixando uma média de 5 centímetros por hora. Quando o rio atingiu o ápice, a Defesa Civil local estima que cerca de mil casas já tenham sido atingidas.

Chuva deixa desabrigados

Havia 16 abrigos abertos na cidade na terça-feira (28), mas a prefeitura ainda calcula o número total de pessoas que seguem nestes locais. Levantamentos anteriores apontavam cerca de 600 pessoas desabrigadas antes da nova enchente.

Alto Vale

A cidade de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, também vive um drama devido às fortes chuvas que castigam a região. Na noite desta terça-feira (28), o resgate de uma pessoa ilhada mobilizou os Bombeiros Voluntários da cidade.

Bombeiros voluntários resgataram pessoa após chuvas

Segundo os Bombeiros Voluntários de Lontras, resgate aconteceu nesta terça-feira (28), enquanto chuva forte caía na cidade – Foto: Bombeiros Voluntários de Lontras/Divulgação/ND

Segundo os socorristas, o fato aconteceu por volta das 19h no bairro Vila Nova, na rua Augusto Wolff. Quando os bombeiros chegaram, o homem estava em pé sobre o teto do seu carro em uma via alagada, pedindo por socorro.

Com uma embarcação, o homem foi retirado de cima do carro e levado até um ponto seguro. Ele recusou atendimento médico e foi liberado no local pela corporação, buscando abrigo com outros moradores.

Mais de 60 milímetros de chuva em 24 horas

Segundo a Defesa Civil de Lontras, além desta ocorrência, não houve nenhum atendimento de destaque nas últimas horas devido à chuva. A Defesa Civil do Estado informou que foi registrado um acumulado de chuva de 61,18 milímetros em 24 horas na cidade.

A cidade, que é vizinha a Rio do Sul, também sofre com as cheias do rio Itajaí-Açu, que chegou ao seu pico à 01h da manhã desta quarta (29), no nível de 6,41 metros, em Lontras. Segundo o chefe da Defesa Civil municipal, Sandro Roberto Oderdenge, houve apenas registro de pontos de alagamento isolados nas últimas horas na cidade.

Chuvas deixa milhares de desabrigados

Cidade amanhece com 16 abrigos abertos e chegou a ter 125 ruas alagadas após nova enchente causada pelo rio Itajaí-Açu nesta quarta-feira (29) – Foto: Rio do Sul do Alto/Divulgação/ND

Devido ao impacto das cheias anteriores, o município ainda mantém três abrigos abertos para atender às famílias desabrigadas. As estruturas ficam localizadas no Salão da Igreja Luterana, no bairro Pioneiros, no Salão do Clube dos Idosos no Centro e no Centro de Eventos no bairro Riachuelo.

Itajaí

O que era para ser o acesso de um dos principais pontos turísticos da cidade de Itajaí, no Litoral Norte catarinense, está parecido com um verdadeiro “rally”, ainda mais com a chuva dos últimos dias. Subir o Morro da Cruz, no bairro Fazenda, se tornou um desafio após meses de buracos e lajotas soltas depois de obras da rede de água e esgoto no local.

Os trabalhos do Semasa (Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura) no morro foram feitos entre os meses de junho e julho, mas o impacto no dia a dia de quem transita pela rua só se agravou ao longo dos meses.

Com a chuva forte que caiu na região entre segunda (27) e terça-feira (28), a situação piorou. Logo pela manhã, árvores caídas impediam o acesso, e os locais onde a estrada está cedendo ficaram ainda mais perigosos.

As obras que deram início aos problemas foram solicitadas ao Semasa por conta da implementação das melhorias no Morro da Cruz, com a construção de um quiosque e nova estrutura turística.

Dessa forma, o Semasa realizou trabalhos na rede de água e rede coletora de esgoto para que os efluentes sejam coletados e tratados pelo serviço. Rodrigo Vieira, gerente de esgoto do Semasa, afirma que após a conclusão dos trabalhos, foi feita a repavimentação do local. Porém, o serviço foi impactado pelas frequentes chuvas que atingem a região.

Pouso Redondo

Segundo o chefe da Defesa Civil municipal de Pouso Redondo, Teotônio Ronan Bonessi, os rios Pombas e Pombinhas, que cortam a cidade, tiveram uma elevação repentina e saíram da calha na terça-feira (28) à tarde. Porém, eles baixaram muito rapidamente.

Em Mirim Doce, o vice-prefeito Jian Paulo Cardoso informou através de um vídeo nas redes sociais que o rio que corta a cidade estava com o nível baixo, mas que uma ponte no acesso à cidade pela BR-470, no limite com Pouso Redondo, foi bloqueada para veículos devido a rachaduras no local e a elevação repentina de um ribeirão. Como rota alternativa, há um desvio pela comunidade “Paleta”.

Taió e Laurentino não tiveram ocorrências nesta terça-feira (28)

Embora com acumulados de chuva consideráveis, o prefeito de Laurentino e o chefe da Defesa Civil de Taió informaram ao ND+ que não houve registro de ocorrências devido às chuvas do dia de ontem nas duas cidades.

Em Laurentino, o rio Itajaí do Oeste não saiu da calha, mesmo tendo ficado próximo dos 7,80 metros e já em tendência de queda para quarta-feira (29).

Ainda há 217 pessoas desabrigadas na cidade, que estão no Salão Íl Guarany e no Ginásio Municipal de Esportes. Boa parte delas estão fora de casa pois tiveram as moradias condenadas pelas enchentes de outubro e novembro. Outras estão no local a pedido da Defesa Civil Municipal, que alertou sobre a possibilidade de novas cheias.

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