Quais os riscos de enfartar antes dos 30, como o cantor gospel Pedro Henrique?

O cantor gospel Pedro Henrique morreu nesta quinta-feira (14) após sofrer um infarto fulminante em cima do palco em um show na cidade de Feira de Santana (BA). Com apenas 30 anos, a morte do artista gera uma série de dúvidas e o portal ND+ buscou entender melhor quais os riscos de uma tragédia como essa se repetir.

Pedro Henrique não seguiu a média

Segundo o Ministério da Saúde, o risco de um infarto antes dos 30 anos, como o do artista, é geralmente bastante baixo, pois a doença cardíaca coronariana e os eventos cardiovasculares costumam ocorrer mais comumente em idades mais avançadas.

No entanto, existem exceções e fatores de risco que podem aumentar a probabilidade em algumas pessoas. Alguns desses fatores incluem a alimentação, doenças genéticas estilo de vida e uso de drogas.

Arritmia é mais comum

De acordo com o cardiologista Lindolfo Moratelli, o mais comum é que jovens sofram de arritmia. Segundo o Ministério da Saúde, a arritmia refere-se a um distúrbio no ritmo cardíaco, que é o padrão regular e coordenado das batidas do coração.

Em condições normais, o coração bate em um ritmo regular, impulsionando o sangue através do corpo de maneira eficiente. No entanto, em casos de arritmia, o coração pode bater muito rápido (taquicardia), muito devagar (bradicardia) ou de maneira irregular.

“Pacientes jovens, como este cantor, que tem morte súbita são, em suma, por arritmia e não infarto”, explica o médico.

Segundo o cardiologista, algumas variações anatômicas das artérias do coração podem causar infarto, mas a principal causa de morte súbita em jovens continua sendo a arritmia.

“Há ainda as chamadas doenças congênitas valvulares [condições em que as válvulas cardíacas, responsáveis por regular o fluxo sanguíneo dentro do coração, não se desenvolvem adequadamente durante a gestação] que também podem estar presentes em pacientes jovens mas em geral não causam morte súbita”, explica.

Antes dos 30 anos as chances do infarto ser fulminante são maiores?

Mito. Segundo o cardiologista este é um dos grandes mitos da sociedade.

“Nem sempre morte súbita é por infarto entende. Geralmente morte súbita é por arritmia cardíaca”, elenca novamente.

Mas então, qual a diferença entre infarto e arritmia?

Segundo o Ministério da Saúde, o infarto do miocárdio e a arritmia são duas condições cardíacas distintas, embora possam estar relacionadas em algumas situações.

O infarto do miocárdio, também conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando o suprimento de sangue para uma parte do músculo cardíaco é interrompido devido a um bloqueio em uma das artérias coronárias.

Isso pode ser causado por um coágulo sanguíneo ou uma placa de gordura que se rompe e obstrui o fluxo sanguíneo.

Os sintomas incluem dor no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, ombro, pescoço ou queixo, além de falta de ar, sudorese e náuseas. O infarto do miocárdio é uma emergência médica e pode ser potencialmente fatal se não for tratado rapidamente.

Por outro lado, a arritmia refere-se a qualquer irregularidade no ritmo cardíaco, que pode incluir batimentos muito rápidos, muito lentos ou irregulares.

As causas das arritmias são diversas, incluindo distúrbios elétricos no coração, danos ao tecido cardíaco e doenças cardíacas. Os sintomas podem variar e incluir palpitações, tontura, desmaio, falta de ar e desconforto no peito.

A gravidade das arritmias é variada, algumas sendo inofensivas, enquanto outras exigem tratamento. Importante notar que algumas arritmias podem aumentar o risco de infarto do miocárdio, especialmente quando associadas a condições cardíacas subjacentes. Em caso de sintomas preocupantes, é essencial procurar atendimento médico para avaliação e tratamento adequados.

Como prevenir doenças cardíacas?

Segundo o Ministério da Saúde, a prevenção de doenças cardíacas é um esforço abrangente que envolve a adoção de um estilo de vida saudável e a gestão eficaz de fatores de risco.

Dicas:

• Mantenha uma dieta equilibrada, rica em alimentos naturais como frutas, vegetais e grãos integrais, enquanto reduz a ingestão de alimentos processados e ricos em gorduras saturadas.
• Pratique atividade física regular para manter um peso saudável, controlar a pressão arterial e melhorar os níveis de colesterol.
• Outro conselho é evitar o tabagismo e reduzir a exposição à fumaça de segunda mão, reconhecendo os sérios riscos cardiovasculares associados ao tabaco.

Saúde mental também importa

• Lide eficazmente com o estresse, seja através de técnicas de relaxamento, meditação ou atividades prazerosas. Monitore regularmente a pressão arterial e os níveis de colesterol, seguindo as recomendações médicas para manter esses valores em níveis saudáveis. Modere o consumo de álcool e evite o uso de drogas recreativas, que podem aumentar significativamente o risco de doenças cardíacas.
• Além disso, mantenha um padrão regular de sono, pois a qualidade do sono está relacionada à saúde cardiovascular.

Ao adotar essas práticas ao longo da vida, é possível reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas e promover uma saúde cardiovascular duradoura.